sábado, 1 de agosto de 2009

O Silencio das Reuniões

É incrível como nossas reuniões estão cada vez mais silenciosas. As fileiras estão caladas, são poucos os assuntos e os que restam, em geral, de mínima importância. Um quadro temeroso e bem diferente da organização que não só cobrou muito da sociedade como também já foi ativa e contribuiu para seu crescimento e melhoria.

Mas não foi com esse tipo de silencio que a Maçonaria foi forte e valente. Não foi calada em suas colunas que o maçom conseguiu agir contra ditaduras e tiranias. Agir em silencio, maçonicamente, não é entrar calado e sair mudo, pelo contrário, é falar, debater, colocar ao grupo muito mais do que nossa obrigação de manter trajes especiais ou mesmo rituais impecáveis nas falas e comportamentos.

Não podemos virar a cara para a realidade de nosso país, principalmente a do poder legislativo, onde contamos nos dedos aqueles de quem ainda “não temos notícias de suas ações levianas”. Está difícil de acreditar que exista algum que não tenha se corrompido pelo poder. E se eles existem, por que não gritar seus nomes? Por que não levarmos para nossas fileiras esses poucos homens de bem e conferirmos o que eles realmente estão contribuindo, ou querem contribuir, para o bem estar de nosso país? Sejam eles maçons ou não.

Ao longo dos últimos anos, o Brasil tem mostrado ao mundo a força de sua democracia sem sangue. Encerramos um período de ditadura, iniciamos uma nova era política com um Presidente que morre antes de sua posse, outro que é derrubado pelo povo, além do operário que depois de muito tentar, substitui um intelectual e chega ao poder. Junto a ele, no comando do país, a Justiça afirma existirem, no mínimo, 40 ladrões, e que o chefe ainda não foi identificado (será?)mas que nada, ou muito pouco consegue fazer. É o país do samba, futebol e impunidades.

Não há dúvida de que o silencio de nossas colunas precisa ser quebrado. Mesmo que não tenhamos as condições de outrora, se falarmos um pouco mais, poderemos tentar participar pelo menos na reforma de nosso legislativo com o expurgo daqueles que não souberam honrar os votos que receberam e o poder que lhes foi confiado. É o mínimo que devemos falar.

Na verdade somos apenas reflexo de nossa pacífica e alegre sociedade, que se por um lado nos orgulha, por outro nos preocupa, pois em todas as esferas, de todos os poderes, a corrupção é ampla geral e irrestrita, onde os coronéis do poder cada vez estão mais fortes e mais ricos, mais poderosos e certos de que não serão punidos.

Faltam poucos meses para novas eleições. Em breve estaremos vendo e ouvindo novos candidatos, de nomes e apelidos incríveis, que prometem qualquer coisa pelo “emprego no legislativo”, independentemente se poderão ou não realizar, se depende ou não deles, mesmo porque muitos não sabem o que realmente poderão ou não poderão fazer.

Os velhos conhecidos, que tentam a reeleição, ou os afastados que desejam retornar à elite do poder, alguns com mais de um processo criminal em andamento, mas que pouco importa para nossas leis e seus eleitores, se vangloriam de suas ações, da liberdade que gozam e como sempre, nada sabem do que dizem contra eles. É o desgoverno em ação e uma promessa de continuísmo se continuarmos calados.

Hoje, as notícias, quando não são proibidas, nos deixa claro o caráter de homens como Sarney, Calheiros, Lula e outros mais, que no lugar de baluartes da honestidade e da hombridade, se juntam num corporativismo amoral pela manutenção do poder a qualquer preço, pois temem que um pequeno deslize possa afetá-los e quem sabe despertar o silencio dos homens dessa nação calada e sofrida.

Se não movermos nossos lábios, esse poder corrupto se manterá com a colocação de novas peças, inclusive a de maior instancia. Se não podemos proibir, temos que pelo menos coibir. Se não possuímos líderes que nos oriente numa direção única e correta, não é essa a razão para que fiquemos quietos. Se existimos até hoje, é porque existem razões para que isso ocorra, e a busca pela dignidade do povo brasileiro é uma delas.

Nossa voz sempre foi bem direcionada, com coragem e atitudes, sempre chegou aos ouvidos daqueles que agiram em defesa da liberdade, da igualdade e da fraternidade e hoje não pode ser diferente. Temos que abrir nossas mentes, nossos corações e nossas bocas em todos os escalões. Temos que usar nossas armas legítimas, a fala e o voto, para rejeitar o joio e valorizarmos o trigo escasso em nossos campos.Temos um tempo razoável para agirmos. Se é que desejamos agir. Se é que desejamos participar dessa tentativa de melhorar o cenário político brasileiro. Se é que queremos mostrar ao Brasil que nem tudo está perdido e que temos condições de mudar nosso comportamento e mostrar aos olhos de nossos mestres antecessores que também somos capazes de lutar por dias melhores, e com as regras que a democracia nos impõe, sem sangue, mas com muita conversa franca e muita saliva sadia.