quarta-feira, 29 de abril de 2009

A pergunta que não quer calar: Discriminação ao Maçom não cristão

Interessante questão levantada no Grupo Schröder, um grupo de discussão na Internet que aborda temas maçônicos e em especial, sobre o Rito de Schröder.

"A pergunta que não quer calar: Discriminação ao Maçom não cristão", tema polêmico e de grande valia para o próprio estudo da evolução da Maçonaria. O irmão Belli, integrante do grupo, nos chama a atenção para o fato quando afirma que “estamos sempre em busca da Verdade, e o que se nos apresenta hoje como verdadeiro pode nos parecer amanhã falso”. E aqui é mais um espaço para comentarmos esse e outros assuntos que ajudem em nosso aperfeiçoamento.

Hoje, um dos primeiros questionamentos quando se prepara um candidato para o ingresso na Ordem é se ele “acredita em Deus”, mas será que foi sempre assim? De acordo com a história, e repetido em nosso grupo, “a "bíblia" somente foi adotada como uma das Luzes da Loja pelos ingleses, ou para outros ritos, como o Livro da Lei , por volta de 1750 , portanto, mais de 30 anos após a fundação da referida Grande Loja”, ou seja, antes, sem o uso da Bíblia, o profano era questionado por sua fé em Deus?

O grupo continua a discussão e complementa a observação ao afirmar que o “Rito de Heredon (base dos primeiros 14 graus de rito Escocês) é de origem judaica” e que “no Rito Francês, não se adota a bíblia como Livro da Lei, e sim a Constituição da Potência” e chama a atenção que “Voltaire era ateu, e mesmo assim foi iniciado”, fato que não era tão incomum para a época.

Foi fácil perceber o interesse do grupo pelo tema, porém não poderiam faltar opiniões radicais. Mas para o próprio benefício do estudo, todas as posições devem ser acatadas e discutidas, desde que, evidentemente, mantidas em um bom nível.

Uma posição mais extrema, afirma que o Deus na Maçonaria é o Deus Cristão, presente na Bíblia, e com o nome de Jesus Cristo. É uma corrente fiel, de vários adeptos, mas que enfrenta a opinião de historiadores que julgam que este Deus na realidade não tem um nome específico, não é de determinada religião, mas sim da crença de cada maçom. Mas e o ateu? Como fica aquele que alega não acreditar em um Deus, seja ele qual for? Não pode ser iniciado?

O sol não se tampa com a peneira, e seria o caso, ao afirmar que em nossas fileiras não existe o ateu. Teoricamente, a simples negação de Deus, que não é especificado nas entrevistas, serviria para não deixar o profano conhecer a luz, mas a verdade é bem outra e as Lojas quando se deparam com uma resposta negativa, os padrinhos em geral se apressam em encobrir o fato e os irmãos acompanham ao decidir pela aprovação, pois as demais questões são vistas como suficientes para não impedirem o processo de admissão. Talvez seja pelo fato que hoje a Ordem não se encontra em expansão, muito pelo contrário, mas isso é assunto para outro blog.

Para coroar a discussão, nosso querido irmão Fernando Paiva, de forma simples e direta, como é de seu feitio, disponibilizou para o grupo um texto muito interessante que aborda o assunto em pauta e que o repetimos a seguir para a devida reflexão:

“Grau de Mestre foi uma invenção das 4 Lojas que fundaram a Grande Loja de Londres para levar Carlos II ao trono da Inglaterra e seu significado é o achado na Bíblia para poder simbolizar a morte de Carlos I por Cromwell, Maçom e Chanceler de ferro Inglês.
A confusão deu-se porque as Lojas só tinham um mestre que era eleito entre os Companheiros e existia uma cerimônia para Instalação deste Mestre entre Companheiros. As Lojas só tinham 2 graus. Na fundação da Grande Loja Unida da Inglaterra a Grande Loja de Londres impôs este grau 3 que começou toda a confusão na Ordem, possibilitou a criação de outros ritos como o Schroder.
Só depois de 1738 após a Grande Loja de York aceitar definitivamente que a Grande Loja Unida deu impulso a este nova ritualística, mas abandonou o rito criado pela Grande Loja de Londres e continuou o rito dos antigos mas com este grau 3 enfiado entre o grau de Companheiro e a Instalação para Mestre.
No REAA não existe instalação, bem como no de Schroder, apenas no "Emulation" ou inominado, chamado pelos americanos de York.
Hoje em dia mais acertado todos passaram a ter instalação menos o nosso Schroder que manteve a sua identidade.
A identidade cristã tem por base a criação da Grande Loja de Londres que tinha Padres Irlandeses que trouxeram Carlos II da França junto com os Escoceses fiéis ao Rei para a Inglaterra, e impuseram a leitura ritualística de um salmo que só tem na bíblia, sendo o único rito que é obrigado a abrir a Bíblia e etc e etc.”

Portanto, a pergunta que não quer calar, sobre a discriminação ao Maçom não cristão, deveria simplesmente calar-se, pois a história é clara e de evidências incontestáveis ao nos mostrar tanto a evolução do homem, seu crescimento, suas descobertas, suas crenças, quanto a da própria Ordem, que aceitou novas proposições, novos conceitos e até mesmo novas leis, ou landmarks, que se apresentam como únicos e imutáveis, mas que na realidade são diversificados e acatados em diferentes ritos.

A luta pela preservação da tradição maçônica, como é possível observar pelo pouco que lemos, não dá razão para discriminar o Maçom que se apresenta como não cristão, ou mesmo como ateu, pois se formos buscar a posição mais remida, a própria história nos demonstra que o Deus cristão chegou depois da Ordem já instalada e desta forma, mesmo que a Maçonaria tenha se voltado para a necessidade da aceitação de um Deus, esta posição não justifica a discriminação, pois uma vez iniciado, não há porque se voltar contra o irmão, e nem mesmo obrigá-lo a se converter em uma crença que não acredita, seria o mesmo que questionar a fraternidade entre os irmãos, a liberdade de suas escolhas e a igualdade perante a sociedade, os homens e ao próprio Deus.

domingo, 19 de abril de 2009

Nobre Arte da Maçonaria

Criamos este espaço para que possamos difundir nossa Arte, na forma que entendemos ser possível. Contamos com o apoio de todos que queiram colaborar, porém deixamos claro que é um portal aberto para todos, inclusive profanos que queiram conhecer um pouco mais da Mac.´..
Nesse primeiro contato, nos apresentamos como adepto do Rito de Schröder e como primeira msg transcrevemos um texto repassado em nosso Grupo por nosso Irmão Alexandre de Oliveira que vem se destacando em nossa Ordem.

O RITO DE SCHRÖDER
(Livre transcrição de artigo publicado na revista Theorema, Ano 4, N.º 19, da Loja Pitágoras II, Or de Brasília, DF)

Os Rituais de Schröder (pronuncia-se Chrœder) foram aprovados em 1801, pela Assembléia dos Veneráveis Mestres da Grande Loja de Hamburgo, Alemanha, sendo praticado por alemães e seus descendentes, em diversos países. No Brasil, com a colonização germânica no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, o rito estabeleceu- se, inicialmente, no idioma alemão. Mais tarde, foi traduzido para o Português e, hoje, é reconhecido pelas Grandes Lojas Estaduais - CMSB, pelo G\O\B\ e pelos Grandes Orientes Estaduais Independentes – COMAB.
Os Rituais foram elaborados por uma Comissão presidida pelo Irmão FRIEDRICH LUDWIG SCHRÖDER, nascido em 3 de novembro de 1744 e falecido em 3 de setembro de 1816. Iniciado em 1744 no Rito da Estrita Observância, em 1785 foi eleito V\M\ de sua Loja-Mãe, a Emanuel Zur Maienblume, ficando no cargo até 1799. Entre 1794 e 1814, foi Deputado do Grão-Mestre (Grão-Mestre Adjunto) e, de 1814 a 1816, Gão-Mestre da Grande Loja de Hamburgo e da Baixa Saxônia (naquela época, a Alemanha ainda não tinha sido unificada).
O Ir\ Schröder gozava de grande prestígio, como Maçom e como profano (foi considerado, na época, “o maior ator que a Alemanha já teve”) e era reconhecido como um profundo conhecedor da História e dos Antigos Rituais da Maçonaria. Estudou, principalmente, os livros “As Três Batidas Diferentes na Porta da Mais Antiga Maçonaria – The Three Distinct Knocks at the Door of the Most Ancient Free-Masonry”, de autor desconhecido, sem dúvida o mais antigo manual maçônico impresso; e “Maçonaria Dissecada – Masonry Dissected”, de Samuel Prichard, que continha as práticas maçônicas utilizadas em Londres, em 1730. Examinou, também, os rituais dos diversos sistemas de graus complementares que proliferavam na Europa daqueles tempos. Suas pesquisas o levaram a abolir os chamados “altos graus”, bem como todo o ocultismo que dominava a Maçonaria Alemã, restaurando o Antigo Ritual Inglês, adaptando-o para a cultura e para o idioma germânicos seus contemporâneos. é devido a essa origem comum nos antigos rituais ingleses que o Rito de Schröder é semelhante ao Rito de York (Emulation Rite) sem, contudo, ser uma cópia do mesmo.
O Ir\ Schröder entendia a Maçonaria como uma união de virtudes e, não, uma sociedade esotérica. Por isso, enfatizou, no seu Ritual, o ensinamento de valores morais e a difusão do puro espírito humanístico, dentro do verdadeiro amor fraternal. Preservou a importância dos símbolos e resgatando o princípio que afirma ser “a verdadeira Maçonaria a dos Três Graus de Sãio João”.
O famoso historiador e maçom Findel, na sua História Geral da Franco-Maçonaria, dedica grandes elogios ao Ir\ Schröder, como podemos perceber nesta passagem: “Além de maior pureza de objetivos (comparando- se com os do Ir\ Fessler, que atuava em Berlim) em que se inspiraram seus trabalhos e investigações, sua natureza, sua forma e as circunstâncias exteriores o secundaram ainda mais eficazmente. Estava-lhe reservada a glória de fazer penetrar vitoriosamente a luz entre as trevas do erro, de dissipar as espessas nuvens que obscureciam os resplendores da verdade maçônica e de assentar bases sólidas para atividades de seus Irmãos”.
Pelo trabalho e exemplo, o Ir\ Schröder é venerado e respeitado hoje, como no passado, sendo homenageado pelas antigas Lojas Alemãs e por Lojas e Irmãos em todo o mundo.
O Rito de Schröder apresentou expressivo crescimento a partir de 1995, quando havia 14 Lojas no Brasil. Atribuímos esse crescimento à divulgação nos Seminários de 1995 e 1998 (RS) e 1999 (CE) bem como à fundação do Colégio de Estudos do Rito Schröder de Florianópolis, SC, em 1997. Este Colégio mantém contato com todas as Lojas Schröder do Brasil, buscando a sintonia com os ideais de Schröder e com os rituais da Loja Absalom N.º 1. Visa à uniformidade ritualística e de pensamento, em um trabalho de cooperação entre Lojas das diversas Obediências. Estas iniciativas estimulam muitos Irmãos, alguns mesmo sem deixar as suas Lojas Escocesas; outros, transferindo- se para Lojas Schröder para fundar novas Oficinas. Por utilizar um templo simples, com poucos paramentos e cargos, torna-se muito mais fácil trabalhar em uma Oficina Schröder. Tudo isso contribui para aumentar o número de Oficinas que adotam o Rito. Atento a este movimento, o G\O\B\ criou, em 1999, o cargo de Grande Secretário Geral de Orientação Ritualística – Adjunto para o Rito Schröder, não por acaso ocupado por um dos integrantes do Colégio de Estudos.
Alguns aspectos principais chama a atenção de todos os Irmãos que entram em contato com o Rito: a simplicidade da Liturgia que em nada diminui a sua beleza e profundidade; as palavras amáveis do Venerável Mestre ao iniciando e aos Irmãos; a valorização das qualidades morais do homem; o estímulo ao auto-conhecimento. Pela objetividade, os trabalhos litúrgicos permitem excelente dinâmica. Uma sessão econômica raramente ultrapassa uma hora e meia, tratando-se os assuntos administrativos (ata e expediente) e com a apresentação de trabalhos ou instruções. Já uma Sessão Magna de Iniciação de três profanos, cumprindo-se individualmente toda a ritualística, demora cerca de duas horas e meia.
Por esse motivo, o rito já atingiu o expressivo número de 38 Lojas, no Brasil, o que supera as 36 Oficinas da Alemanha e, temos a certeza, continuará crescendo, para Glória do Grande Arquiteto do Universo.
Os Rituais foram traduzidos dos originais revisados pela Loja Absalom das Três Urtigas N.º 1, em 1960. Essa Oficina, fundada em 1737, uma das mais antigas do mundo, é jurisdicionada à Grande Loja dos Maçons Antigos Livres e Aceitos da Alemanha. Outras informações podem ser obtidas junto à Loja Simbólica Concordia et Humanitas N.º 56 A/C da Comissão de Liturgia e Docência, Rua Ernesto da Fontoura 1144, Porto Alegre, RS, 90230-090, ou nos Rituais e Monitor do Rito de Schröder, homologados pela Grande Loja Maçônica do Estado do Rio Grande do Sul. Também sugerimos uma visita à página do rito no endereço: http://www.fraternidade.org/concordia/rito.htm.